6 Motivos pelos Quais é Importante ter Mais Mulheres no Poder

Ainda há quem diga: “não importa se é homem ou mulher, mas sim se é competente”. Entenda a importância de ter mulheres no poder em pé de igualdade com homens. 

mulheres no poder

Logo que tomou posse em 2015, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, de quebra, já cumpriu sua primeira promessa de campanha: de 30 ministros na sua equipe, 15 são mulheres. Inevitavelmente, um jornalista perguntou: “mas por quê, Trudeau?”. Ao que ele respondeu:

mulheres no poder

Assim como dá uma alegria imensa ver uma conquista dessa magnitude para as mulheres canadenses, dá também um grande desânimo ao pensar o quão longe ainda estamos dessa realidade aqui no Brasil. Por aqui, apesar de as mulheres serem 51,4% da população, temos menos igualdade de gênero na política do que países do Oriente Médio: apenas 10% dos deputados e 16% dos senadores são mulheres.

Curiosamente, sobre a escolha igualitária de Trudeau, muita gente perguntou:

“Mas que diferença faz ter mais ou homens ou mais mulheres no poder, oras? Desde que sejam competentes, pra mim tanto faz!”

Eu sei que para quem é subrepresentado – e tem consciência disso e de suas consequências – a resposta parece óbvia. Mas como eu vi muitos comentários nesse sentido, penso que talvez tenha gente que realmente não sabe como é importante ter mulheres no poder em pé de igualdade com os homens. Foi pensando nessas pessoas, que eu fiz a lista abaixo. Vamos lá.

Por que é tão importante ter mais mulheres no poder:

  • É uma questão de justiça: não faz sentido que metade da população seja representada por apenas 10% dos membros do Congresso.
  • Do ponto de vista da estabilidade social e democrática, é fundamental que os espaços de tomada de decisão sejam compostos por pessoas com diferentes perspectivas sociais. Um homem branco tem interesses e perspectivas diferentes das de um homem negro, cujos interesses e perspectivas diferem das de uma mulher branca, cujos interesses e perspectivas, por sua vez, diferem também das de uma mulher negra. Por isso, todos precisam estar adequadamente representados no poder.
  • Como gênero igualmente populoso (um pouco mais, na verdade, mas não vou ficar jogando isso na cara), com necessidades, prioridades e vivências específicas dentro da sociedade, as mulheres tem o direito de serem suas próprias representantes. Isso explica por que ficamos tão indignadas quando um grupo de homens se reúne e vota a favor de um projeto como o PL 5069 (que restringe aborto e atendimento médico a vítimas de estupro). Eles não sabem o que é ser assediada todos os dias, o que é ter medo constante de estupro, o que é ser estuprada, o que é ficar grávida de um estuprador, o que é ter a voz de denúncia e o sofrimento desqualificados e minimizados pelas autoridades. A mesma coisa no caso da criminalização do aborto: como pode ter legitimidade uma lei que foi criada e aprovada por pessoas que nunca vão ser diretamente afetadas por uma gravidez não planejada?
  • A falta de representação feminina no Congresso se reflete diretamente na ausência de políticas públicas para as mulheres. Além disso, sem a participação feminina, pautas importantes como planejamento familiar, divisão de trabalhos domésticos, equiparação salarial, aborto, gravidez, licença maternidade/paternidade, etc, dificilmente são tratadas de forma a atender as suas necessidades. E não só isso: países com o maior número de legisladoras mulheres também são aqueles que fizeram os maiores avanços em termos de educação, força de trabalho e licenças remuneradas. Está certo que garantir presença feminina igualitária no governo não garante que as causas feministas sejam atendidas, mas é muito mais provável que as demandas por direitos das mulheres sejam defendidas por mulheres do que por homens, independente de suas posições políticas e ideológicas.
  • Ter mulheres no poder em pé de igualdade com os homens seria dar a devida voz à metade da população do país, que teria finalmente suas necessidades e interesses ouvidos e levados a sério – não só em pautas relacionadas às questões de gênero, mas em todas os aspectos da sociedade, incluindo economia, infraestrutura, transporte, guerra, etc.
  • Mulheres no poder servem de exemplo para jovens meninas, que crescem sabendo que a política não é um espaço exclusivamente masculino. Representatividade importa.

E aí, faz sentido? Então agora siga em frente e leia por que existem tão poucas mulheres no congresso brasileiro. Alerta de spoiler: não é porque elas não têm interesse. 

Entenda por que existem tão poucas mulheres no congresso brasileiro

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